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SAIBA QUAIS OS CRIMES MAIS COMETIDOS DURANTE
UM RELACIONAMENTO ABUSIVO E COMO AGIR DIANTE DELES
por *Milena Davoli Nabas de Melo
Os relacionamentos abusivos geralmente passam por algumas fases que são o amor, a tensão, a explosão de fúria e violência, o “arrependimento” e a lua de mel.
Transposta a fase de “amor” inicial, o(a) narcisista começa atuar, passando a dar as primeiras amostras de sua personalidade. Eles tendem a inserir sua vítima em completo isolamento, privando-a das relações usuais de amizades e do convívio com familiares, convencendo-a de que o ponto de vista dele sobre as pessoas que a cercam realmente está certo. Suas roupas também serão objeto de críticas.
Ao conseguir toda a atenção e dedicação da vítima para si, convencendo-a de que ele (narcisista) é inquestionavelmente a pessoa mais impressionante que existe na face da terra, o abusador passa a denegrir e atacar a imagem e o comportamento da vítima. NESSA FASE SURGEM OS CRIMES.
O que muitas vezes a vítima não percebe é que O ABUSO EMOCIONAL ESTÁ DIRETAMENTE LIGADO A ALGUNS DELITOS que comumente são cometidos pelo abusador. É nesse ponto que se deve observar o comportamento do narcisista e iniciar o armazenamento e COLETA DE PROVAS.
Qualquer atributo negativo conferido à vítima, caracteriza o crime de Injúria, que são as ofensas verbais, escritas ou mesmo gestuais. Printar as conversas, armazenar os diálogos, filmar as explosões de ciúme e fúria são ótimas oportunidades de se produzir uma PROVA. É comum que o abusador diga à sua vítima que ela está feia(o), gorda(o), que não serve pra nada, que é burra(o), faz tudo errado, enfim, as qualidades negativas de que ele se vale são intermináveis. O fato de o narcisista ficar insistindo em mandar mensagens ou realizar telefonemas de forma persistente, caracteriza um outro delito, que é a perturbação do trabalho ou do sossego alheios.
Embora muitas pessoas acreditem que essas sutilezas não são protegidas por lei, elas são e implicam em consequências. É nesse momento que a vítima precisa ter CORAGEM para tomar uma ATITUDE porque enquanto o cenário de abuso for “apenas” esse, ela ainda está convencida de que esse comportamento vai passar e que o abusador é sem dúvida o príncipe ou a princesa encantada. Isso é ilusão. Abusador(a) narcisista não ama, só pensa em sí mesmo(a) e racionalmente se projeta nos seus anseios. Acredite, ele(a) não vai ter um choque de realidade.
Há ainda aqueles narcisistas que extrapolam esses delitos mais sutis fazendo um verdadeiro passeio pelo Código Penal. Ameaçam, agridem, extorquem dinheiro, ameaçam tomar os filhos e desaparecer ou prometem divulgação de fotografias íntimas. Há uma incontável lista de maldades que ele promete e pode levar a termo, a depender do grau de transtorno que ele tem. Isso, definitivamente intimida e paralisa a vítima.
Para que a vítima possa ser efetiva, é importante saber que ao menor indício de que o abusador narcisista transpôs o limite do senso médio, ela deve buscar ajuda. É muito difícil para uma vítima de relacionamento abusivo, vencer o narcisista sozinha.
A vítima deve procurar uma delegacia e registrar um BOLETIM DE OCORRÊNCIA. É um direito que lhe é conferido. Ela deve ir se documentando. Um bom recurso é que a vítima mantenha diálogo com alguém da sua confiança, fazendo o relato de tudo pelo que está passando e solicitar a essa pessoa que armazene essas conversas e áudios. O uso desses recursos pode ser útil no futuro.
Há ainda aqueles narcisistas que fazem um estrago financeiro considerável na vida da vítima e nesses casos, quando a vítima entrega espontaneamente dinheiro ou patrimônio ao seu algoz, dificilmente conseguirá reaver os valores. É assustadora a capacidade que os narcisistas têm de convencer sua vítima, de que é um grande prazer para ela, oferecer ao seu algoz tudo o que ela possui.
Depois de passar por tudo isso, o narcisista vai tentar convencer a sua presa, de que a culpa por tudo o que ela está passando é exclusivamente dela. Cuidado: A vítima ainda pode ser convencida dos argumentos do narcisista e retomar essa relação.
Agora que todos sabem ao que estão sujeitos, é hora de se convencer de que todos merecem ser felizes.
Milena Davoli Nabas de Melo
é Delegada de Polícia desde 1997, atua como titular da Delegacia de Investigações Gerais de Tupã-SP e é engajada na luta contra as relações abusivas.
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